terça-feira, 13 de novembro de 2007

Os signos musicais

Angra dos Reis (Legião Urbana, 1987), música que remete a uma diversidade de signos: signos do amor, signos mundanos, antigos e novos afetos que surgem ao longo da vida e fazem com que passado e futuro sejam confundidos nesse súbito encontro com o tempo. A memória, lançada nesse passado que se foi, reencontra, no presente, traços de um passado que deixou de existir. Esse passado se atualiza ao se mesclar com o presente que passa. Ambas as dimensões do tempo levarão a um futuro, no qual o passado deixará de existir, ao romper os laços que vigoram no atual. O tempo do acontecimento, aion, encontra simultaneamente, na imensidão das formas vazias, o porvir e o que já passou. Talvez seja nesse sentido que passado e futuro são um só. Sempre acontecendo e já ocorrido, o acontecimento, portanto, jamais se torna um estado de coisas, ele é puro devir.

A experiência que tiramos desse passado, agora inexistente, nos levará ao encontro desse futuro que sobrevoará nosso atual, fazendo nosso passado desaparecer. O que nos restará de tudo isso serão memórias, lembranças, afetos de um tempo que não retorna.

A música tem essa característica, o privilégio de fazer com que toda a diversidade de signos em conjunto com a memória seja reencontrada. Os signos musicais colocam em comunicação os sentidos com a alma. Somos levados ao passado, ao atual e a esperança de um porvir...

2 comentários:

Caio Liudvik disse...

Caríssima Veronica,

Salve Renato Russo, poeta de nossa geração! Belíssima música, ainda mais bela a partir de tua reflexão. O ser humano não "tem" o tempo entre seus atributos, ele "é" tempo, temporalização de si e do mundo na vivência presente de projetos e recordações. Há momentos, raros, na vida, em que de fato a temporalidade se acelera a ponto de quase desaparecer: então, passado, presente e futuro parecem se tocar e se acariciar num só corpo, num só êxtase, como que além-tempo.
Grande abraço e parabéns pela reflexão.
Unzuhause

Um olhar a cada dia disse...

Caro Unzuhause,

Agradeço seus comentários, sem dúvida, Renato Russo é um grande pensador da música e de nossa geração. Ele faz parte das minhas alegrias e me remete a uma memória virtual, porque a memória é impessoal, mesmo para aquele que sente, já que trata-se sempre de uma questão de devir!
Grande abraço