Ao lado e abaixo, detalhes das fotos de Greenaway durante a conferência. Fotos Um olhar a cada dia, extraídas do site do evento.
Confira ainda neste blog, vídeo com Greenaway realizado durante o evento.
O Brasil recebeu, essa semana, o grandioso artista inglês Peter Greenaway. Cineasta, diretor, escritor, formado em Artes Plásticas, Greenaway é um artista completo. Na última terça-feira, 10 de Julho, o grande diretor de cinema proferiu, no Salão de Atos da UFRGS, a conferência O cinema morreu. Vida longa ao cinema. Sua conferência faz parte do evento Fronteiras do pensamento, realizado pelo Projeto Copesul Cultural, que conta com a parceria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Três filmes do diretor foram também exibidos na Cinemateca Paulo Amorim: A Barriga do Arquiteto(1987) O Livro de Cabeceira (1996) e Zoo: um Z e dois Zeros (1985).
Nesta conferência, Greenaway enfocou as quatro grandes tiranias cometidas pelo cinema: texto, enquadramento, ator e câmera. Para ele, o cinema que assistimos atinge o estado de "livros ilustrados", já que se limita a contar ou narrar uma história. Segundo ele, qualquer que seja o filme, ele nos traz de volta às livrarias. Em seu artigo 105 anos de cinema ilustrado, o também escritor sugere que Griffith poderia ser apontado como sendo o grande responsável por direcionar o cinema nessa via da narrativa, já que escravizou o cinema ao romance do séc. XIX.
Para o diretor, o cinema deveria ser composto somente de imagens, jamais de texto, exemplo disso se encontra em sua recente trilogia The Tulse Luper suitcases (2003-2006), na qual o artista proporciona um verdadeiro show de imagens. Tais imagens estão, certamente, entre as mais belas do cinema. A sétima arte precisa, segundo Greenaway, de imagens e não de narrativas. Nesta trilogia, a tirania do texto é substituída pela tipografia nas cenas, os personagens são interpretados por diferentes atores e há ainda a inserção, na tela, de diversas janelas que o diretor abre, nas quais o passado coexiste com o futuro, uma verdadeira proliferação de imagens, segundo sua idéia de "multiplicidade de telas".
Para o autor, por um lado, o cinema clássico deve acabar, mas por outro lado, Greenaway defende a invenção de um novo cinema, tema recorrente em seus ensaios. É preciso, segundo ele, aproveitar esse declínio no qual o cinema está mergulhado para promover uma revolução. Essa idéia inovadora de Greenaway poderá lançar luz a um novo cinema, a um cinema porvir.
O cineasta deverá retornar ao Brasil, ainda este ano, ele será o convidado de honra do 16º Festival Internacional de Arte Eletrônica Sesc Videobrasil, que acontecerá em São Paulo entre 30 de Setembro e 25 de outubro. Greenaway fará uma mixagem de imagens ao vivo, o Five-image, segundo informou Tereza Novaes (Folha de S. Paulo, 09/07/2007 Ilustrada E3) e segundo Marcelo Silva, o diretor deverá também iniciar seu novo filme que será rodado em São Paulo. Para ler mais sobre essa conversa acesse:
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI1748528-EI6791,00.html
Para maiores informações sobre o evento, acesse: http://www.fronteirasdopensamento.com.br/.
2 comentários:
Olá Veronica!
Muito bacana seu texto. E a problemática levantada por Greenaway é muito pertinente: numa época em que a publicidade pode decretar que "a imagem é tudo", curiosamente o cinema, arte essencialmente imagética, regride à condição de livro ilustrado. Penso que mais que de imagens, carecemos hoje de SÍMBOLOS: não me refiro a grifes, logotipos e outros signos consumistas, mas sim aos arquétipos profundos que (re)ligam a humanidade ao sagrado da vida, como na Grécia antiga acontecia.
beijos,
Unzuhause
beijos
Obrigada, Unzuhause. Greenaway é, sem dúvida, um grande pensador do cinema. Mais do que de palavras, talvez o cinema careça realmente de imagens, de belas imagens!
Abraços,
Veronica
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