quarta-feira, 7 de junho de 2017

Tomando chá com Proust e Bergson

Proust tem toda razão quando fala das lembranças que uma música, um perfume, as Madeleines, por exemplo, podem nos trazer. É impossível para mim, tomar chá de boldo sem me lembrar de minha adolescência. São memórias boas e ruins, mas certamente marcantes! E, com elas, se abre todo um baú de lembranças, o cone do qual falava Bergson! Embora o chá de boldo faça bem, é bastante difícil, para mim, tomá-lo! Até o sabor é meio místico e misturado, sobretudo, com aquele dia fatídico! Eram coisas tão boas e belas, mas por que se tornaram um tanto trágicas? De fato, foi um acontecimento, e como tal não poderia deixar de ter esse ar trágico! Talvez minha primeira grande cesura! Aquela cesura que, nas palavras de Fitzgerald, a gente só se dá conta muito tempo depois, quando algo já se passou e não sabemos exatamente o que se passou. Só tomamos ciência desse acontecimento no seio do tempo, quando talvez seja tarde demais e, portanto, quase impossível evitar os efeitos devastadores que a ele se seguem! Se fosse possível perceber o acontecimento a tempo, talvez pudéssemos evitar sua corrosão, sua decomposição cristalina! Mas, é tarde demais!