terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Reencontrar o tempo

Retomar as idéias de Camus (1913-1960) que, anos atrás, um dia trouxeram algum "conforto" para os que portam uma cesura ou fissura é ser novamente levado à questão do pensamento, de quando se é tocado ou mordido por ele. Num certo sentido, essas idéias libertam o espírito e tornam sua solidão um pouco mais povoada.
Estranha é a sensação de ser mais uma vez levado, por algum motivo, a ler o mesmo autor que tanto nos fascinou, há algum tempo atrás. A experiência retirada desta leitura em muito se assemelha à de uma "menina" que há alguns anos atrás lia O estrangeiro com avidez e que se entristeceu finda a leitura, pois o livro chegava à sua última página. Não tardaria muito, essa mesma menina acabaria por se deparar, ao longo de anos, com autores que, com a mesma ou semelhante angústia, tratam de temas essenciais à vida.
Se, como afirma o autor, logo nas primeiras linhas de O mito de Sísifo (1942), o problema da filosofia é "saber se a vida realmente vale a pena", então é preciso considerar a importância da filosofia para a vida. Novamente, a questão sempre renovada da filosofia e do que nos faz pensar se evidencia nas palavras do Mestre. Percebe-se, nessas mesmas linhas, a confirmação ou a assinatura de um grande pensador, na medida em que elas nos levam a pensar. Num certo sentido, esse problema remete ainda à questão da violência do pensamento e da indiferença que o pensamento provoca inicialmente. Essa indiferença só cessa quando os problemas vêem à tona, como observa Deleuze (1925-1995).
Reconhecemos um grande pensador quando ele nos traz as questões, coloca os problemas e ainda quando, ao pensarmos que estávamos seguros, no porto, somos novamente lançados ao mar, como dizia Leibniz. "Há um desespero no mundo", já afirmava Châtelet. Esse desespero, essa angústia, ou esse incômodo é, num certo sentido, o que nos faz pensar, ou pensar de outro modo, isto é, não se conformar com o dado, porque o dado não é dado de antemão, mas é preciso construí-lo, criá-lo. É nesse sentido que o pensamento se liga diretamente à criação, como assinalava Deleuze.
O estrangeiro nos remete a um clima, a uma atmosfera, a nuvens, tempo fechado ou nublado. A mesma sensação ocorre, por exemplo, em O mito de Sísifo, porém com alguns "confetes", um ar mais suave que a aproximação com a arte às vezes traz, um clima sutil de festa, se comparado ao clima denso e intenso de O estrangeiro. É possível ver as montanhas como vemos em O estrangeiro, mas não são as mesmas, são outras montanhas e o clima, embora um pouco mais leve, continua sendo percebido na solidão que, mesmo ligeiramente povoada, parece eterna.
Já não somos os mesmos de antes, vemos, sentimos e enfrentamos novas questões, novos problemas, nos deparamos com novos afetos. A questão do pensamento e do que nos leva a pensar é novamente deslocada e se dirige agora para outros meios, outros interesses, com outro grau de importância, mas continua a povoar o deserto que somos nós.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

"O animal do tempo" em cartaz no Sesc Paulista

Divulgação
Está em cartaz na Unidade Provisória do Sesc Avenida Paulista o monólogo O animal do tempo, estrelado por Ana Kfouri. Esta é a terceira temporada da peça, encenada no Rio de Janeiro por duas vezes este ano. O texto, com excelente tradução de Ângela Leite Lopes, tem a direção de Antônio Guedes e marca o retorno de Ana Kfouri aos palcos, após 16 anos em que trabalhou como diretora.
A atriz dramatiza a segunda parte do Discurso aos animais, de Valère Novarina (1947-), um dos autores mais encenados na França atualmente. A escrita de Novarina difere da dramaturgia tradicional e se aproxima de autores como Samuel Beckett(1906-1989). A linguagem é, para ele, uma espécie de: "...fluido que se propaga pelo espaço [...]" e "Penetra um corpo[...]". As "Palavras podem se transformar, lutar, arrumar-se...". O texto denso e intenso sugere uma estreita relação do teatro com o pensamento, como observa ele: "O teatro é o lugar onde o 'drama do pensamento' acontece. Pensar é um drama em desenvolvimento [...] O pensador é como um ator que queima as palavras e respira movimento dentro delas..." (Entrevista a Rachel Almeida, JB/ Caderno B 08/10/2007). Durante a temporada, acontece também uma oficina de teatro ministrada por Ana Kfouri, de quinta a domingo à tarde. A peça ficará em cartaz até 16 de dezembro no Teatro de Câmara, de sexta a domingo às 20:30. Excepcionalmente dia 09/12, não haverá espetáculo. O Sesc Paulista fica na Av. Paulista 119/ Estação Brigadeiro do Metrô. Tel: 3179-3700.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Os signos musicais

Angra dos Reis (Legião Urbana, 1987), música que remete a uma diversidade de signos: signos do amor, signos mundanos, antigos e novos afetos que surgem ao longo da vida e fazem com que passado e futuro sejam confundidos nesse súbito encontro com o tempo. A memória, lançada nesse passado que se foi, reencontra, no presente, traços de um passado que deixou de existir. Esse passado se atualiza ao se mesclar com o presente que passa. Ambas as dimensões do tempo levarão a um futuro, no qual o passado deixará de existir, ao romper os laços que vigoram no atual. O tempo do acontecimento, aion, encontra simultaneamente, na imensidão das formas vazias, o porvir e o que já passou. Talvez seja nesse sentido que passado e futuro são um só. Sempre acontecendo e já ocorrido, o acontecimento, portanto, jamais se torna um estado de coisas, ele é puro devir.

A experiência que tiramos desse passado, agora inexistente, nos levará ao encontro desse futuro que sobrevoará nosso atual, fazendo nosso passado desaparecer. O que nos restará de tudo isso serão memórias, lembranças, afetos de um tempo que não retorna.

A música tem essa característica, o privilégio de fazer com que toda a diversidade de signos em conjunto com a memória seja reencontrada. Os signos musicais colocam em comunicação os sentidos com a alma. Somos levados ao passado, ao atual e a esperança de um porvir...

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Homenagem a Bergson

Começa hoje à noite o Colóquio Internacional Henri Bergson, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Essa é a quarta Edição do Colóquio, que vem sendo realizado desde 2002 e já teve, entre os homenageados, pensadores como Gilles Deleuze e Michel Foucault. Dessa vez o Colóquio, uma realização do Programa de Pós-Graduação em de Filosofia da Educação, será dedicado a Henri Bergson (1859-1941). A idéia é, inicialmente, comemorar os 100 de A evolução criadora (1907), um dos livros mais lidos em todo o mundo no início do séc. XX, e ainda a relação que pensadores como Gilles Deleuze, por exemplo, mantêm com a obra de Bergson.
Hoje à noite, entre 19 e 21h, será feita uma homenagem ao Professor Dr. Bento Prado Jr. (1937-2007), um dos grandes estudiosos de Bergson, cujo livro Presença e campo transcendental (EDUSP) foi traduzido e publicado na França. Será exibido o DVD “Entre narciso e o colecionador ou o ponto cego do criador” de Bento Prado Jr.. O Professor Dr. Franklin Leopoldo e Silva (USP), um dos tradutores de Bergson no Brasil, participará da mesa proferindo a conferência “Bento Prado leitor de Bergson: o nascimento da subjetividade”. Amanhã à noite, entre 19:30 e 21:30h, haverá um coquetel e lançamento de livros, dentre eles, Infantis de René Schérer, que participou da segunda edição desse Colóquio em homenagem a Gilles Deleuze. Haverá ainda um debate com o Professor Maurício Rocha (UERJ- Campus Baixada Fluminense ) e Marisa Lopes da Rocha. Na sexta-feira, entre 9:00 e 12h., o Professor Dr. James Arêas (UERJ), participará da mesa "Contemporaneidade da obra de Bergson" e falará sobre “Bergson e o universo das imagens”. O Colóquio termina na sexta-feira. Confira a programação completa.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Sonhos de areia...

Assista às metamorfoses da arte feitas com areia, de Ilana Yahav e Dato Hudjadze, no curta de Konstantin Charmadov, (Sand dream; ParanoiaFilm, 2005).

terça-feira, 30 de outubro de 2007

A filosofia pensa a Europa atual

Teve início ontem no Instituto Franco-português, em Lisboa, o I Colóquio Internacional de Ciência, ética e política: viver na Europa - filosofia, ciência e política hoje. O evento pretende discutir algumas das questões relativas à vida na Europa atual. Até amanhã pesquisadores de Portugal, da França e da Alemanha apresentarão as diferentes perspectivas, advindas da filosofia, da ciência e da política, acerca dos temas correspondentes ao espaço-tempo europeu na atualidade.
Partindo da relação que esses três países têm em comum com o problema da imigração, o evento pretende trazer, como tema, a realidade européia, tendo em vista o contexto político atual do mundo. Algumas das conseqüências provenientes da imigração também deverão ser levadas em consideração, como: a integração social, a exploração econômica, a permanência irregular, a discriminação e o racismo, bem como o surgimento de novas formas de vida cultural, social e política que surgem com ela. O Colóquio pretende pensar o modo de viver na Europa hoje, levando em conta a nova forma de poder político do mundo capitalista.
Esse cenário abrange ainda, além dos fluxos migratórios e das metamorfoses produzidas por eles nas estruturas econômicas e sociais, as freqüentes ameaças capitalistas de epidemias, como a gripe aviária e a doença da "vaca louca"; os conflitos que ocorrem no Oriente Médio e os chamados perigos do "terrorismo". Essas questões serão dimensionadas a partir dos efeitos mais profundos que elas trazem consigo, como os problemas da imigração, do asilo, da biopolítica, da ecologia, da saúde física e mental, da bioética, da tecnologia e da ciência.
As antigas questões, que outrora foram colocadas, serão agora formuladas de modo inteiramente novo nesse evento, levando em consideração a situação da Europa atual em relação às novas formas de poder vigentes no mundo. Questões como as da diferença, das fronteiras, da exclusão, e do deslocamento serão tratadas sob um outro olhar. Serão questionados, por exemplo, quais seriam os novos modos de pensar a Europa hoje. Que conceitos seriam necessários criar e/ou reunir para a compreensão da situação atual e, sobretudo, qual foi o caminho seguido para se chegar à essa situação.
Questões desse tipo, dentre outras estão sendo discutidas durante este evento. O Colóquio acontece até amanhã e é organizado pelo Centro de Filosofia das Ciências da Universidade de Lisboa, pelo Collège International de Philosophie, pelo Instituto de Filosofia da Freie Univesität Berlin e pelo Instituto Franco-Português de Lisboa e tem, dentre os participantes, os Professores Drs. Nuno Nabais (Universidade de Lisboa), José Gil, e Étienne Balibar. O Instituto Franco-Português fica na Av. Luís Bívar, nº 91, 1000 Lisboa. (tel: +351-21-311-1400).

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Intervenção "Nocturno" na Eva Klabin

Acima, flyer de divulgação.
Dando continuidade ao Projeto respiração, a Fundação Eva Klabin inaugura na próxima quinta-feira (25/10) às 19h a exposição "Nocturno" do artista português Rui Chafes. Esta é 7ª Edição do Projeto, sob a curadoria de Márcio Doctors, que tem como objetivo a intercessão entre a arte contemporânea e o acervo clássico da casa-museu. A novidade dessa exposição fica por conta do Encontro com o artista que acontecerá no próximo sábado, dia 27/10 às 17h. A exposição fica em cartaz até 16 de dezembro. As visitas guiadas e a exposição acontecem de quarta a domingo entre 14:00 e 18h. Maiores informações: www.evaklabin.org.br. A Fundação fica na Av. Epitácio Pessoa, 2480, Lagoa. tel(021)3202-8550.

sábado, 20 de outubro de 2007

"1week of art works"

Este interessante curta-metragem de Daisuke Yamamoto explora algumas possibilidades da arte. Enjoy yourself........

domingo, 14 de outubro de 2007

Philippe Barcinsky entrevista Peter Greenaway

Assista à entrevista que Peter Greenaway concedeu ao cineasta Philippe Barcinsky, durante sua passagem por São Paulo, quando o cineasta abriu o 16º Festival de Arte Eletrônica em Setembro deste ano.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Homenagem a Bento Prado Jr.

Um dos maiores pensadores da atualidade, o Professor Dr. Bento Prado Jr., que faleceu em janeiro deste ano aos 69 anos, será homenageado, a partir de segunda-feira (15/10/207) na Universidade de São Paulo (USP). As homenagens incluem, além das conferências, projeções de vídeos com o próprio homenageado. As sessões do Colóquio serão transmitidas simultaneamente. O evento acontecerá na Av. Prof. Luciano Gualberto, 315 - Cidade Universitária Sl 08 (Conjunto Didático de Filosofia e Ciências Sociais). Confira a programação: 15 de outubro, 2a feira, às 19:30 Abertura com os Professores Drs. Gabriel Cohn, (Diretor da FFLCH/USP), José Eduardo Marques Baioni (DF/UFSCar) e Moacyr Novaes (DF-FFLCH/USP); Mesa 1, Mediador: Prof. Dr. Bento Prado de Almeida Ferraz Neto (UFSCar) a. Prof. Dr. Oswaldo Porchat de Assis Pereira da Silva (USP), b. Prof. Dr. José Arthur Giannotti (USP). No dia 16 de outubro, 3a feira, às 14h Apresentação de DVD do Prof. Dr. Bento Prado Jr. no II Encontro Nacional de Estudos do Século XVII, às 16h, Mesa 2, Mediador: Prof. Dr. Vladimir Pinheiro Safatle (USP), a.. Prof. Dr. Luiz Roberto Monzani (UNICAMP), b.. Prof. Dr. Richard Theisen Simanke (UFSCar); às 19h30 Mesa 3 Mediadora: Profª Dra. Débora Cristina Morato Pinto (UFSCar), a.. Prof. Dr. Franklin Leopoldo e Silva (USP), b.. Prof. Dr. Renaud Barbaras (Universidade de Paris I - Sorbonne). No dia 17 de outubro, 4a feira, às 14h, Apresentação de DVD Prof. Dr. Bento Prado Jr. no Rio de Janeiro em 2006; às 16h, Mesa 4, Mediadora: Profª Dra. Raquel de Almeida Prado, a.. Prof. Dr. Luiz Fernando Batista Franklin de Matos (USP), b.. Prof. Dr. Milton Meira do Nascimento (USP), c.. Profª Dra. Maria Constança Peres Pissara (PUC-SP), às 19h30, Mesa 5, Mediador: Prof. Dr. José Eduardo Marques Baioni (UFSCar), a.. Profª Dra. Marilena de Souza Chauí (USP), b.. Profª Dra. Jeanne-Marie Gagnebin (PUC-SP). Para assistir à transmissão ao vivo do evento, acesse: www.emm.usp.br/vivo-fflch.asx.

domingo, 7 de outubro de 2007

Ana Kfouri reestréia "O animal do tempo" no Teatro do Jockey

Divulgação
O monólogo O animal do tempo teve ontem sua reestréia no Teatro Municipal do Jockey. A peça, estrelada por Ana Kfouri, é uma extraordinária dramatização do denso e intenso texto do francês Valère Novarina (1947-). Sua escrita impessoal escapa às formas lingüísticas e arrasta a língua para fora de seus sulcos, promovendo uma ausência central, enfatizada pela pluralidade de nomes evocada. Não há um eu, mas um descentramento do sujeito, ao qual poderíamos ainda aludir à fórmula de Rimbaud: "Eu é um outro". Excelente tradução de Ângela Leite Lopes e cuidadosa direção de Antonio Guedes.
A novidade desta reestréia fica por conta das conversas, ou bate-papos que acontecerão após o espetáculo nos três últimos sábados das apresentações. Além da participação de Ana Kfouri e de Antonio Guedes, estarão presentes ainda, no dia 13 de outubro, a tradutora Ângela Leite Lopes; no dia 20 de outubro, José da Costa e no dia 27 de outubro, Fátima Saadi. O espetáculo é uma realização da Cia Teatral do Movimento e Seteoito Produções Artísticas e ficará em cartaz até 28 de outubro. Sempre aos sábados e domingos às 18:30h. Maiores informações, tel:2540-9853. Leia mais...

sábado, 6 de outubro de 2007

1ª Mostra de curtas do "Pequeno circuito de pensamento e cinema"

Terá início hoje às 17h no Instituto de Estudos Contemporâneos Antônio Abranches a mostra de curta-metragens Idéias e curtas. Trata-se da exibição de alguns curtas seguida de uma conversa com a presença dos diretores. O evento faz parte do projeto Pequeno circuito de pensamento e cinema, sob a coordenação do Professor Dr. James Arêas, que tem por objetivo a intercessão entre a filosofia e o cinema. Hoje à tarde serão exibidos o poético Berenice (Brasil, 2005, 24 min., UFF) de Bruno Duarte e Luciana Penna, que conta com Fernando Eiras no elenco; "..." de Juliano Gomes e Leonardo Bittencourt (Brasil, 2007,19 min., PUC-Rio, ganhador da Menção Honrosa na Mostra do Filme Livre, 2007), apresentando uma noite na vida de um rapaz que rompe seu relacionamento amoroso e encontra uma segunda mulher. No dia 10 de novembro serão exibidos: Por dentro de uma gota d'água (Brasil, 2003, 10 min. UFF), sob a Direção de Felipe Bragança e Marina Meliande, que trata da vida de um homem que tem sua moradia invadia por gotas d'água que escorrem do teto; e o artístico e belo filme, também premiado, de Maria Continentino Temporal (Brasil, 2005, 15 min.,UFRJ). No dia 01 de dezembro serão exibidos os filmes de Luelane Corrêa, A cidade e o poeta (Brasil, 2006, 14 min., Ela Filmes), que faz um divertidíssimo filme sobre a estátua de Carlos Drummond de Andrade em Copacabana; e Risco (Brasil, 2004, 14 min., Riofilmes), premiado documentário poético de Bernardo Gebara e Renato Andrade, que trata da surpreendente história de um andarilho pelas ruas do Rio de Janeiro riscando muros com pedras e produzindo interessantes desenhos, aleatoriamente, a partir dos traçados que faz. O evento acontecerá sempre aos sábados a partir das 17h. O Instituto fica na rua Alegrete, 29, Laranjeiras. Maiores informações: www.institutoantonioabranches.com.br / tel:2556-8430.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Cinema à moda antiga

Este incrível curta, Ou vai ou racha, de Gabriel Martinho e João Paulo Horta nos faz lembrar dos primórdios do cinema...

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Conversando com... Flora Süssekind sobre... Alguns usos do coro no teatro contemporâneo

Acima, flyer de divulgação.
Dando continuidade ao Evento "Conversando com... sobre...", iniciado no primeiro semestre deste ano, o Centro de Estudo Artístico Experimental promove, nesta 3ª feira, uma conversa com Flora Süssekind sobre Alguns usos do coro no teatro contemporâneo. A convidada é Pesquisadora de Filologia do Centro de Pesquisa da Fundação Casa de Rui Barbosa e Professora do Depto. de Teoria da Escola de Teatro da UNIRIO. O evento, sob a coordenação de Ana Kfouri, é também uma realização da Cia. teatral do movimento e Seteoito produções artísticas e acontece amanhã (02/10/2007) entre 19 e 22h, na biblioteca do Sesc Tijuca. Haverá distribuição de senhas uma hora antes. Classificação 16 anos. O Sesc Tijuca fica na Rua Barão de Mesquita, 539. Maiores informações, tel: 3238-2129 http://www.sescrio.org.br/.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Os cristais em decomposição de Visconti

Acima, a linda imagem de Morte em Veneza (Itália, 1971) com a bela Silvana Mangano (mãe de Tadzio), Dirk Bogarde e Björn Andresen (Tadzio).

Terá início na próxima quinta-feira, 27/09/2007, no Instituto de Estudos Contemporâneos Antônio Abranches o curso "Filosofia e cinema: Luchino Visconti e os cristais em decomposição" ministrado pelo Professor Dr. James Arêas. O curso tratará das imagens cristalinas de tempo em Visconti (1906-1976), nas quais o passado que já desapareceu, mas que ainda porta alguma expressão, já que é um misterioso tempo sensual, se revela tarde demais. Trata-se de uma constatação de que algo chegou tarde demais, caso chegasse a tempo, poderia evitar a decomposição natural e a desagregação histórica da imagem-cristal. Todavia, é a própria história e a própria natureza, isto é, a estrutura do cristal, que impossibilitam a chegada de algo a tempo... Esse e outros temas serão abordados nesse curso, que contará ainda com a exibição de alguns filmes de Visconti. O curso acontecerá sempre às quintas-feiras às 19h, de 27 de setembro a 06 de dezembro de 2007. O Instituto fica na Rua Alegrete, 29. Laranjeiras. Maiores informações: http://www.institutoantonioabranches.com.br/.

Em favor da vida

Acima, fotos de Toscani para a Campanha da Nolita
(Reuters)
Uma campanha publicitária incomoda o mundo fashion. Trata-se da campanha do italiano Oliviero Toscani para a Nolita. Toscani é famoso pelas polêmicas campanhas nos anos 80 e 90 para a Benetton, que abordavam temas como Aids, guerra e racismo. A campanha atual do fotógrafo pode vir a ser, segundo ele, "... o começo de um novo ciclo de publicidade", já que expõe a modelo francesa Isabelle Caro (26 anos), pesando pouco mais de 30 quilos, estampando as fotos da marca Nolita durante a Semana de Moda de Milão. A modelo, que porta anorexia há 15 anos e já pesou menos do que atualmente, resolveu aderir à campanha.
A idéia é despertar a atenção para o problema da anorexia ou até mesmo uma resistência às exigências do padrão estético que elege mulheres anoréxicas como ideal de beleza. A exigência ou palavra de ordem fashion acabou por ultrapassar as fronteiras do mundo fashion e acometer milhares de pessoas no mundo todo, que atualmente sofrem e morrem de anorexia, principalmente as meninas entre 11 e 13 anos, idade preferida pelos profissionais de moda para a captura de modelos.
Os recentes protestos em Londres e Madri contra essa exigência, praticamente impossível de se atingir, ganham agora o apoio de um dos mais renomados fotógrafos da atualidade. Campanha de difícil aceitação por parte da mídia em geral, cuja foto foi recusada pelo principal jornal italiano, Corriere della Sera, apesar da adesão de alguns estilistas.
Toscani procura um novo tipo de campanha, que vai na contramão da publicidade e da moda, que exibem corpos esquálidos com uma proporção de cerca de 20 quilos a menos do que sua estatura. Essa proporção é praticamente impossível para qualquer mortal manter sem recorrer ao uso de laxantes e outras drogas que inibem o apetite e trazem uma série de conseqüências negativas ao organismo, podendo levar à morte. Toscani busca, nessa campanha, se aproximar da "condição humana" já que, segundo ele: "Toda a publicidade de moda, as revistas e os jornais de moda, se afastaram dela, se tornaram abstratas, esvaziaram o ser humano. A gente olha essas campanhas e vê o vazio, e dizemos a nós mesmos: essas pessoas são como garrafas vazias [...] [...] Não são tantos os clientes que possuem a coragem de fazer uma campanha como esta".
O que poderia ser somente uma jogada de marketing, já que, segundo o fotógrafo: "Todos pensam que a comunicação publicitária deve ser falsa ou artificial, mas eu acho que se pode fazer algo interessante e tirar vantagens econômicas ao mesmo tempo”, também convida ao que podemos chamar de ato de resistência ou combate a esse estranho mundo, que vigora sob o signo da crueldade. Mundo capitalista que explora e lucra com as mazelas humanas, onde o ideal de beleza é um misto de corpos doentes e mumificados.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Este mês em Braço de Prata...

A Fábrica Braço de Prata continua com suas atividades durante este mês. Hoje às 22h na Sala Nietzsche haverá um Concerto de Música Improvisada com a participação de Filipe Raposo no piano; às 22h na Sala Visconti haverá um recital de poesia Mensagem nos bolsos com Tiago A. da Veiga. Amanhã, quinta-feira (20/09) às 21:30h na Sala Beauvoir, a Comunidade dos Leitores de Filosofia organizará as Conversas em (re)torno de Nietzsche, uma leitura deleuziana de Nietzsche; às 23h na Sala Nietzsche haverá um Concerto de Jazz Latino com Múcio Sá (guitarra); às 24h na Sala Visconti será exibido o filme Persona de Ingmar Bergman; à 0:30h na Sala Nietzsche haverá um Concerto de Jazz com o Quarteto Mário Franco - Mário Franco (contrabaixo), Sérgio Pelágio (guitarra), Luis Cunha (trombone), Pedro Segundo (bateria).
A Fábrica seguirá até o final do mês com sua programação. No dia 26, quarta-feira às 21h na Sala Nietzsche, haverá a conferência de Maria de Sousa Galito (IEPUCP) O Português enquanto língua de trabalho. No dia 28, sexta-feira às 18h, será inaugurada a Primeira Feira de Braço de Prata, uma Feira de Antiguidades com a participação de alfarrabistas, livreiros de rua, e de todos os interessados em vender seus livros e relíquias; e às 21h, na Sala Nietzsche, haverá o lançamento do livro Ser enquanto tal, de Emanuel Vitorino, Magna Editora. A Fábrica funciona de 4ª a sábado, das 20h às 2h, domingo das 16h às 22h e fica na Antiga Fábrica de Braço de Prata em Lisboa. Tel: 21.8686105. Para conferir a programação completa deste mês e o local da Fábrica, acesse: http://fabricabracodeprata.googlepages.com/.

Mostra Rossellini no CCBB

Teve início ontem no Centro Cultural Banco do Brasil a Mostra Rossellini TV Utopia, sob a curadoria de Steve Berg. Trata-se de uma seleção dos filmes do diretor italiano Roberto Rossellini (1906-1977), um dos maiores cineastas de todos os tempos, precursor do neo-realismo italiano. Esta seleção corresponde à parte de sua obra dedicada a importantes personalidades históricas. Sócratres, Descartes e Pascal são alguns dos personagens que participam das discussões que giram em torno da religião, da ciência e da filosofia. Esses filmes são ainda pouco conhecidos pelo público em geral e foram produzidos para a TV estatal italiana (RAI) nos anos 70. A sessão de abertura ontem contou com a exibição do Cinensaio - A morte do pai (Brasil, 2007) de Joel Pizzini- que narra as passagens do diretor pelo Brasil, apresentando a herança de sua obra e suas tentativas frustradas de filmar no país. A sessão de ontem incluía ainda, após a exibição do documentário, um debate com a participação do diretor, do curador da mostra e dos convidados Pedro Butcher, Ricardo Miranda e Robson Cruz. Na próxima quinta-feira (20/09), após a exibição de Sócrates (Itália, 1970) às 19:30, haverá uma conferência com a Professora Dra. Irley Franco ( Depto. de Filosofia/ PUC-Rio). A mostra ficará em cartaz até 30 de Setembro. O Banco do Brasil fica na Rua Primeiro de Março, 66 - Centro. Maiores informações pelo tel: 3808-2020.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

"Palco de experimentação": premiados em cartaz no Sesc Tijuca

Terá início amanhã no palco do Sesc Tijuca a apresentação dos trabalhos selecionados na 1ª Mostra Universitária do Centro de Estudo Artístico Experimental, sob a coordenação de Ana Kfouri. Os trabalhos foram inicialmente apresentados durante o mês de agosto para um público formado por artistas, pensadores, espectadores estudantes e profissionais de arte. A apresentação foi seguida de debate e selação dos trabalhos, com a participação de Fátima Saadi, Sidnei Cruz e mediação de Marília Martins. Os trabalhos selecionados receberam como prêmio uma temporada no palco do Sesc Tijuca durante este mês. A partir deste fim-de semana até dia 23, sempre aos sábados e domingos às 20h, teremos a oportunidade de assistir aos trabalhos premiados nesta 1ª Mostra Universitária do CEAE.
Confira a programação: 08 e 09 de Setembro será apresentado Salomé da Escola de Comunicação e Escola de Belas Artes - UFRJ; nos dias 15 e 16 de Setembro será a vez de Felizes para sempre - Sweet Emily - UNIVERCIDADE; 22 e 23 de Setembro Circo-teatro Benjamin - UNIRIO.
Maiores informações acesse: http://www.sescrio.com.org/.
Para ver toda a programação da Mostra, conferir o texto: Experimentações artísticas no palco do Sesc Tijuca (17/08/2007) deste blog.

sábado, 1 de setembro de 2007

Das ações e das paixões: as afecções corporais

O espetáculo O corpo do outro da companhia de dança Pulsar esteve em cartaz em agosto na Caixa Cultural, sob a direção geral de Teresa Taquechel e coreografia de Alexandre Franco. A companhia desenvolve um importante trabalho com deficientes motores e apresentou um brilhante espetáculo no qual os intérpretes, portadores e não portadores de deficiência física, incorporam, à instigante coreografia, movimentos que correspondem às insuficiências corporais. Trata-se de uma criação extraordinária no sentido de dar a ver tanto movimentos que um corpo saudável é capaz de experimentar quanto as limitações, ou não, já que se trata de ultrapassar os limites, ou melhor, de abrir as fronteiras, de um corpo alquebrado.

O espetáculo nos remete à pergunta spinozista acerca de "o que pode um corpo?" Só sabemos algo de um corpo quando sabemos o que ele pode ou mesmo do que ele é capaz, ou seja, quais são seus afectos, como eles se compõem, ou não, com outros afectos de outro corpo, quer para destruí-lo ou ser por ele destruído ou ainda para trocar com esse corpo ações e paixões, compondo com ele um corpo mais potente. É nesse sentido, diz Deleuze, que Spinoza escreve uma verdadeira Ética.

O corpo do outro atinge o estágio semelhante ao dos elementos que não têm mais forma, sendo, pois, absolutamente abstratos, mesmo que sejam perfeitamente reais. Distingue-se, nesse espetáculo, somente o movimento e o repouso, a velocidade e a lentidão dos corpos. Movimentos executados com perfeição, mas uma perfeição que implica a assimetria ou a discrepância das formas. Plano de composição acentrado, no qual a cada relação de movimento e repouso, velocidade e lentidão que conjuga infinitas partes, equivale a um grau de potência. Relações de composição e de decomposição que modificam os corpos. Intensidades que afetam os corpos, aumentando ou mesmo diminuindo sua potência de agir, de se mover. Relações que vêm de fora ou mesmo de suas próprias partes. Devires ou afetos que atravessam os corpos em movimentos acentrados.

Extraordinários grafismos são projetados e diagonais de luz traçam alguns dos percursos utilizados pelos intérpretes. A música de Bernardo Gebara traz uma sonoridade que irradia camadas horizontais e cortes verticais. Blocos sonoros liberam linhas diagonais; verdadeiras proliferações ou microproliferações lineares. Atuação excelente dos intérpretes e movimentos excepcionais do convidado, Alexandre Franco, cuja leveza não impede a intensidade.

O espetáculo atinge a pura informalidade que se expressa nos agenciamentos multilineares dos corpos ou nas diagonais da música e da luz, uma involução criadora em constante devir.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

A nau da criação

Ao serem obrigados a fechar as portas das livrarias Ler devagar e Eterno retorno e sair do Bairro Alto em Lisboa, os sócios José Pinho e o Professor de Filosofia, Dr. Nuno Nabais, não adotaram o caminho que seria natural a quem se encontrasse em situação semelhante: o encerramento de suas atividades. Ao contrário disso, eles se desviaram desse caminho e optaram por reunir as duas livrarias na antiga Fábrica de Braço de Prata em Lisboa, num ato de resistência ao quase inevitável encerramento das atividades da livraria.

Tal resistência faz parte do abrangente projeto dos sócios, que integra as livrarias às exposições de arte, filmes, debates, conferências, lançamentos de livros, que aconteciam nos antigos endereços das livrarias e que agora ganharam um território maior: as doze salas onde outrora se produziam armas de guerra e que doravante recebem nomes de escritores e pensadores.

A batalha que se trava hoje nesta antiga fábrica de armamentos, desativada na década de 90, é outra: não se trata de manter o que é tradicionalmente conhecido por cultura, mas sim de criar uma alternativa àqueles que não acreditam mais na cultura, pois como afirma o Professor Nuno: “Todas as alternativas já foram integradas pela chamada 'cultura'. E esta livraria é feita justamente para os que já estão cansados dessa tal 'cultura'...”. Nessa máquina de guerra nômade montada pelos dois sócios, o que se respira são livros, obras de arte, além de filmes, performances, espetáculos de dança, teatro, música e poesia.

Tal máquina encanta a todos os que por ali circulam e que já se habituaram com as freqüentes mudanças de endereço das livrarias. A livraria Eterno retorno se encontrava, inicialmente, na Rua de S. Boa Ventura (2001 - 2005), depois se mudou para a Experimenta design (Palácio de Sta. Catarina, Set/ Out - 2005) e posteriormente passou a ser na Rua da Barroca (Galeria Zé dos Bois), após se fundir com a Ler devagar. A partir daí, as duas livrarias se mudaram para a Rua da Rosa (Jan-Junho de 2007), e atualmente se encontram na Fábrica de Braço de Prata.

A resistência ao encerramento de um projeto desse porte levou os sócios a aceitar voluntários que reconheceram o esforço deles nesse empreendimento. Parte dessa resistência compreende a oportunidade que as pessoas têm, nessa fábrica, de encontrar uma variedade de livros nas áreas das ciências humanas, literatura, poesia, cinema, teatro, filosofia, fotografia, design, artes plásticas, arquitetura e dança.

Nessa "condição pré-apocalíptica", como define o Professor Nuno, algumas pessoas pensam que se trata de uma performance, já que o território das livrarias ainda não foi definido, pois o contrato que eles mantêm com a fábrica é o de comodato, no qual eles podem usufruir das doze salas desde que cuidem da manutenção da fábrica.

A livraria navega no melhor estilo da tradicional nau portuguesa que, eternizada nos versos de Camões: "Partia alegremente, navegando,/ a ver as naus ligeiras Lusitanas..." (Os Lusíadas). Todavia nessa aventura do espírito, essa máquina, ou nau nômade, além da conquista de um território, sobretudo, resiste à cultura dominante e cria algo novo.

Durante esse fim-de-semana e na próxima sexta-feira (dia 31) na Fábrica braço de prata haverá uma homenagem aos cineastas Michelangelo Antonioni (1912-2007), com a exibição de Blow up, e Ingmar Bergman (1918-2007) - A fonte da donzela e terá ainda concertos de música. Para conferir a programação completa e o endereço, acesse: Fábrica braço de prata. A Fábrica funciona de 5ª a sábado, das 20h às 2h, domingo das 16h às 22h. Tel: 21868105

Acima, detalhes das fotos, extraídas do site da cadeia de televisão portuguesa SIC, da livraria e dos sócios Nuno Nabais e José Pinho. Fotos de Um olhar a cada dia. Para ver a reportagem com o vídeo, acesse: Projeto cultural "de alterne".

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Experimentações artísticas no palco do Sesc Tijuca

Terá início amanhã, às 19h no Espaço Sesc Tijuca, a 7ª Edição do Centro de Estudo Artístico Experimental, sob a coordenação de Ana Kfouri. O projeto tem por objetivo promover a experimentação e a investigação artística através da interlocução entre artistas, pensadores, espectadores, profissionais e estudantes de arte. Trata-se de uma apresentação dos trabalhos seguida de debates com a participação de Fátima Saadi, Sidnei Cruz e mediação de Marília Martins. Os trabalhos premiados serão agraciados com uma temporada no palco de experimentação do CEAE em Setembro. Esta edição do projeto conta com trabalhos realizados na UNIRIO, UFRJ e UniverCidade. Serão duas apresentações por noite, seguidas dos debates, durante estes dois finais-de-semana de Agosto, iniciando às 19h. Amanhã (Sábado, 18) apresentam-se Eu não sei dançar - UniverCidade; Orfeu - Escola de Comunicação e Escola de Belas Artes - UFRJ. Domingo (19) será a vez de Felizes para sempre - Sweet Emily - UniverCidade; O novo inquilino - Escola de comunicação e Escola de Belas Artes - UFRJ; 25 de agosto (sábado) será apresentado La careta que cae - UNIRIO; Salomé - Escola de comunicação e Escola de Belas Artes - UFRJ; 26 de agosto (domingo) Pentágono - UniverCidade; Circo-teatro Benjamin - UNIRIO. Classificação 16 anos. R$ 6,00. O Sesc Tijuca fica na Rua Barão de Mesquita, 539. Maiores informações, tel: 3238-2129 ou acesse: www.sescrio.org.br.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Cinema e filosofia

Terá início no próximo dia 23 (quinta-feira), na Fundação Eva Klabin, o curso Pensar com o cinema, ministrado pelo Professor James Arêas. Doutor em Filosofia pela PUC-Rio, Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, autor de "David Lynch: entre o afeto e a ação. Nota sobre a imagem-pulsão em Deleuze" (O que nos faz pensar n.16, PUC-Rio, 2003), dentre outros artigos, James Arêas vem trabalhando há cerca de 11 anos as relações entre o cinema e a filosofia, apresentadas nos dois livros dedicados ao cinema, por Gilles Deleuze. Neste curso, suas investigações se voltarão para as questões renovadas que se abrem a partir das noções convergentes de movimento, espaço, memória e tempo. O curso consiste na apresentação dos temas e na análise dos seguintes filmes a serem exibidos: O Atalante de Jean Vigo(França, 1934); Carta de uma desconhecida de Max Ophüs (EUA, 1948) e O ano passado em Marienbad de Alain Resnais (França, 1961). O curso acontecerá sempre às quintas-feiras a partir das 19hs, nos dias 23 e 30 de agosto e nos dias 06 e 13 de setembro. Maiores informações, acesse: http://www.evaklabin.org.br/. Inscrições e reservas antecipadas pelos telefones:3202-8554/ 3202-8550 ou pelo e-mail cultura@evaklabin.org.br.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Poetas se encontram na Eva Klabin

Ao lado, detalhe do cartaz de divulgação. Foto Um olhar a cda dia.
Será inaugurada, hoje às 20hs, uma nova atividade na Fundação Eva Klabin. Trata-se dos Encontros com os poetas. Sayonara Salvioli e Salgado Maranhão recebem diversos poetas para conversar sobre suas trajetórias e sobre poesias. O convidado desta terça-feira é Domício Proença Filho (escritor, educador, filólogo e Membro da Academia Brasileira de Letras). Em 18 de Setembro, (terça-feira) também às 20hs, será a vez de Mano Melo (ator e poeta performático) e Claufe Rodrigues (poeta e apresentador de TV) e ainda haverá recital de poesia com a participação da poetisa Mônica Montone. Maiores informações pelo telefone (21)3202-8550/ 3202-8554 (Isabela) ou acessar: www.evaklabin.org.br .

sábado, 11 de agosto de 2007

Suportes

Ao lado e abaixo, detalhes das fotos de Lia do Rio e de André Sheik, fotos Um olhar a cada dia.
Está em cartaz, na Galeria Vilaseca, a exposição Suporte. Trata-se de uma exposição incomum que instiga, simultaneamente, dois tipos de sensação: a visão e a audição. Enquanto vemos a apresentação, sucessiva em uma única tela, dos trabalhos de diversos artistas, ouvimos suas vozes, cuja seqüência não corresponde necessariamente à sucessão dos trabalhos, introduzindo suas diferentes perspectivas acerca da idéia de suporte.
Os Tempos de Lia do Rio, são apresentados de modo simultâneo em uma única imagem. A artista, inicialmente, filmou uma paisagem natural, a seguir, selecionou uma das imagens no monitor e a fotografou no próprio monitor. Após colocar essa fotografia sobre o vidro transparente, onde se vê a paisagem natural, a artista fotografou novamente essa imagem que dá a ver a paisagem natural por trás do vidro. Os diversos tempos, capturados pelas diferentes imagens, são expressos em uma única tela, numa espécie de passados que se conservam nessa imagem presente. Nesse sentido, os passados ali conservados e o presente são simultâneos. Essa imagem exprime, pois, a simultaneidade do tempo, mas também provoca a sensação de uma continuidade da imagem, como se a imagem fosse sair para fora do monitor e se expandir na própria paisagem.
André Sheik fotografa, de dentro do MAM, uma paisagem que naturalmente se desenha, na rachadura do vidro, e adquire a forma de montanhas cristalinas. Diferente do movimento natural, no qual a paisagem urbana se constituiria acima das montanhas, aqui são as montanhas cristalinas que se situam acima da paisagem urbana.
A exposição é um projeto do Coletivo Buraco e conta ainda com a participação de outros artistas convidados. Estará em cartaz até 25 de agosto na Av. Ataulfo de Paiva, 1079/ lj109 - Leblon.

terça-feira, 31 de julho de 2007

Entre o "eros" e os demônios

Abaixo e ao lado os cineastas Ingmar Bergman (1918-2007) e Michelangelo Antonioni (1912-2007) Fotos: AP/ Reuters, respectivamente.
As vidas de duas individualidades tiveram, essa semana, sua interrupção pelo afrontamento com a morte. Acontecimento singular, no qual a vida de Antonioni, revelada por sua morte, sucedeu à morte, anunciada poucas horas antes, de Bergman.
Mesmo que a morte seja o limite de todo pensamento e de toda experiência e, ao mesmo tempo, o impensável, o inexperimentável, o inominável, o que não conseguimos olhar fixamente, ela não é um destino ou um fim, nem mesmo a deploração de nossa finitude. É enquanto impessoal que a morte acontece, se desliga do sujeito que a afeta, embora seja unicamente sua. O inexprimível eu morro se desvia para um morre-se. Nessa metamorfose do eu com o ele se encontra o moribundo da morte.
A morte só adquire sentido por revelar a vida. Uma vida se encontra em todos os lugares, em todos os momentos que atravessam os vivos, por isso não é preciso conter uma vida no momento em que ela afronta a morte universal. A vida é imanente a todos os vivos, acontecimento que atualiza e atravessa toda individualidade.
As vidas desses dois grandes mestres serão sempre atualizadas pelo legado de suas obras. O que eles nos deixaram sucederá gerações porvir e jamais recairá nesse afrontamento da morte universal.
Duas vidas, duas singularidades, cada um desses cineastas, a seu modo, transpôs magistralmente para as telas diferentes situações do sofrimento e da condição humana. Em Antonioni há uma constatação de que o eros está doente, estamos doentes de eros, como nos diz Gilles Deleuze: "o que se tornou o amor para que homens e mulheres saiam dele tão enfermos, agindo e reagindo mal no início e no fim, numa sociedade corrompida?" (Imagem-tempo). Bergman nos ensinou a extrair o melhor do sofrimento e, no seu caso, dos demônios pessoais que o atordoavam.
Esses grandes mestres podem não estar mais presentes de corpo, mas suas almas, certamente, permanecerão em suas obras. Gostaria de manifestar minha profunda gratidão e respeito pelos seus trabalhos, obrigada por deixarem tanta beleza e força, tamanha inspiração!
Antonioni e Bergman: céu vazio - aion!

domingo, 22 de julho de 2007

O caráter impessoal da linguagem

Ao lado e abaixo, detalhes das fotos de divulgação. Fotos Um olhar a cada dia.
Está em cartaz, no Espaço Sesc Copacabana, o monólogo estrelado por Ana Kfouri O animal do tempo. Sob a direção primorosa de Antônio Guedes, que coloca em cena a atriz apresentando a primeira parte do Discurso aos Animais, de Valère Novarina (1947-), de modo vibrante, seco, sem exageros, precisamente, para que a potência de Kfouri se evidencie na excelente interpretação do texto. A pronúncia das palavras e das frases, que não obedece necessariamente à gramática, ganha toda sua força na voz de Kfouri, cujos deslocamentos em cena se distribuem magistralmente, de modo a prender toda a atenção do espectador. O espaço é preenchido pela luz, que acompanha perfeitamente os movimentos da atriz; por páginas soltas muito bem distribuídas em parte do cenário; e pelo acordeão, de onde a música ressoa em momentos muito pontuais do espetáculo, eventualmente se compondo com as falas de Kfouri.
A dramatização, diferente de uma mera representação, que reclama o texto, é ressaltada pela impessoalidade da personagem, cuja pluralidade de nomes evoca uma ausência central de sujeito, ou se preferirmos, um estágio pré-individual, a-subjetivo. Essa impessoalidade ou individuação, da qual fala Novarina, se encontra essencialmente no extremo limite entre a vida e a morte. O impessoal escapa às formas lingüísticas e extrapola a sintaxe, arrastando a língua para fora de seus sulcos, levando-a ao delírio, como se o escritor tivesse criado outra língua no interior da sua ou estivesse escrevendo em uma espécie de língua estrangeira.
Toda essa agramaticalidade só é percebida pela impecável tradução de Ângela Leite Lopes que possibilita a fluência do sentido em nossa língua, permitindo a gagueira que a língua tem direito, levando-a ao assintático ou agramatical, o próprio balbucio das palavras.
O espetáculo fica em cartaz até 29 de julho de 2007, no Espaço SESC - Rua Domingos Ferreira, 160 – Sala Multiuso – 45 lugares Copacabana - Rio de Janeiro - Tel:2547 0156/ http://www.sescrio.org.br/. De sexta a domingo – (6ª e sáb - 20h e dom - 19h) Duração: 55’ Censura: 16 anos Ingressos: R$ 6, R$ 3 (meia entrada para estudantes e idosos) e R$ 1,50 (comerciários)

sexta-feira, 20 de julho de 2007

O eterno retorno das paixões

Teve início ontem na Fábrica Braço de Prata em Lisboa, antigo estabelicimento militar desativado na década de 90, onde funciona atualmente a junção das livrarias Ler devagar e Eterno retorno, as atividades desta semana. Escritores, pensadores e cineastas dão nome às salas de cinema, de teatro e de artes plásticas onde acontecem diferentes atividades como música, dança, teatro, exposições, debates e conferências.
O espaço, idealizado pelo Professor de Filosofia, Dr. Nuno Nabais (Universidade de Lisboa) em conjunto com José Pinho da Ler devagar, pretende retomar a antiga ambiência lisboeta de alguns cafés como ler, estudar, conversar e pensar. Além de retomar esses hábitos culturais é possível ainda, participar das atividades ou simplesmente tomar um café. O importante é retomar a paixão ou o "Eterno Retorno da paixão pelas Ideias".
As atividades desse fim-de-semana serão distribuídas quase que simultaneamente entre as salas Nietzsche, Deleuze e Visconti e envolvem música, lançamento do livro de poesia Órbitas primitivas de Paulo Renato, debate sobre o Le monde diplomatique e a exibição completa do Abécédaire de Gilles Deleuze, conversa com Claire Parnet, onde o pensador aborda temas variados que vão de A a Z. As atividades se iniciam a partir das 21:30hs e vão até amanhã, 21/07/2007.
A Fábrica braço de prata funciona de 4ª a Sábado das 20h às 2h, Domingos das 16h às 22h Estacionamento privativo/ vagas para mais de 200 carros. Maiores informações, tel: 218686105 ou acesse: http://www.bracodeprata.org/.
Confira abaixo a programação desse fim-de-semana:
Quinta-feira, 19 de Julho às 22h na Sala Nietzsche, Concerto Moi non Plus com Ian Mutznik (guitarra e voz), Catherine Morisseau (piano), Luis Bastos (clarinete), Nuno Reis (trompete), Eduardo Lálá (trombone), Rui Alves (bateria). Às 24h na Sala Visconti, Abécédaire de Gilles Deleuze (1ª parte completa - 7h30min.) com Gilles Deleuze e Claire Parnet. Sexta-feira, 20 de Julho às 21h30 na Sala Deleuze, Debate "Le Monde Diplomatique" com António Figueira, Nuno Teles, Pedro Nuno Santos e Ricardo Paes Mamede. Às 22h na Sala Nietzsche, Lançamento do livro de Poesia Órbitas Primitivas de Paulo Renato (Quasi, 2007). Às 24h na Sala Nietzsche, Concerto de música improvisada com Ernesto Rodrigues (Viola), Carlos Santos (Electrónica), Bruno Parrinha (Clarinete Alto). Sábado, 21 de Julho às 23h na Sala Nietzsche, Concerto Jazz com Filipe Melo (piano), Bruno Santos (guitarra), Às 24h na Sala Visconti, Abécédaire de Gilles Deleuze (3ª parte completa - 7h30min.) com Gilles Deleuze e Claire Parnet.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

O cinema porvir de Peter Greenaway

Ao lado e abaixo, detalhes das fotos de Greenaway durante a conferência. Fotos Um olhar a cada dia, extraídas do site do evento. Confira ainda neste blog, vídeo com Greenaway realizado durante o evento.
O Brasil recebeu, essa semana, o grandioso artista inglês Peter Greenaway. Cineasta, diretor, escritor, formado em Artes Plásticas, Greenaway é um artista completo. Na última terça-feira, 10 de Julho, o grande diretor de cinema proferiu, no Salão de Atos da UFRGS, a conferência O cinema morreu. Vida longa ao cinema. Sua conferência faz parte do evento Fronteiras do pensamento, realizado pelo Projeto Copesul Cultural, que conta com a parceria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Três filmes do diretor foram também exibidos na Cinemateca Paulo Amorim: A Barriga do Arquiteto(1987) O Livro de Cabeceira (1996) e Zoo: um Z e dois Zeros (1985).
Nesta conferência, Greenaway enfocou as quatro grandes tiranias cometidas pelo cinema: texto, enquadramento, ator e câmera. Para ele, o cinema que assistimos atinge o estado de "livros ilustrados", já que se limita a contar ou narrar uma história. Segundo ele, qualquer que seja o filme, ele nos traz de volta às livrarias. Em seu artigo 105 anos de cinema ilustrado, o também escritor sugere que Griffith poderia ser apontado como sendo o grande responsável por direcionar o cinema nessa via da narrativa, já que escravizou o cinema ao romance do séc. XIX.
Para o diretor, o cinema deveria ser composto somente de imagens, jamais de texto, exemplo disso se encontra em sua recente trilogia The Tulse Luper suitcases (2003-2006), na qual o artista proporciona um verdadeiro show de imagens. Tais imagens estão, certamente, entre as mais belas do cinema. A sétima arte precisa, segundo Greenaway, de imagens e não de narrativas. Nesta trilogia, a tirania do texto é substituída pela tipografia nas cenas, os personagens são interpretados por diferentes atores e há ainda a inserção, na tela, de diversas janelas que o diretor abre, nas quais o passado coexiste com o futuro, uma verdadeira proliferação de imagens, segundo sua idéia de "multiplicidade de telas".
Para o autor, por um lado, o cinema clássico deve acabar, mas por outro lado, Greenaway defende a invenção de um novo cinema, tema recorrente em seus ensaios. É preciso, segundo ele, aproveitar esse declínio no qual o cinema está mergulhado para promover uma revolução. Essa idéia inovadora de Greenaway poderá lançar luz a um novo cinema, a um cinema porvir.
O cineasta deverá retornar ao Brasil, ainda este ano, ele será o convidado de honra do 16º Festival Internacional de Arte Eletrônica Sesc Videobrasil, que acontecerá em São Paulo entre 30 de Setembro e 25 de outubro. Greenaway fará uma mixagem de imagens ao vivo, o Five-image, segundo informou Tereza Novaes (Folha de S. Paulo, 09/07/2007 Ilustrada E3) e segundo Marcelo Silva, o diretor deverá também iniciar seu novo filme que será rodado em São Paulo. Para ler mais sobre essa conversa acesse: http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI1748528-EI6791,00.html
Para maiores informações sobre o evento, acesse: http://www.fronteirasdopensamento.com.br/.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Retratos do tempo

Ao lado, detalhes das fotos impressas no tapete. Fotos Um olhar a cada dia.
Está em cartaz, na Fundação Calouste Gulbenkian, a individual Atemporalidade de Lia do Rio. A artista imprimiu, no avesso de um extenso tapete, diversas fotografias em preto e branco de mulheres com crianças. As fotografias retratam mães com filhas e correspondem a uma mesma árvore genealógica, de modo que vemos impressas imagens de seis gerações coexistindo ao longo do tapete. Percebe-se, apesar do tratamento dado às imagens, a diferença entre passado e futuro, através das vestimentas e dos penteados utilizados nos retratos. Todavia há uma coexistência virtual do passado com o futuro, nesse sentido intempestivo, atemporal, e não cronológico, na medida em que todas as imagens são impressas lado a lado, como se o tempo tivesse sendo esculpido através dessas imagens. O território plano composto por Lia expressa, através dos retratos impressos, os dinamismos intensivos, a sensação provocada pelas forças do cosmo, que atravessam esses retratos, torna visível aquilo que estava encoberto ou escondido, e faz emergir na superfície a dinâmica das forças que a arte reclama.
A exposição fica em cartaz até 03 de agosto, na Rua Benedito Hipólito, 125, Praça Onze, na Galeria Arte Contemporânea.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Seminário Nacional de Psicologia discute a influência da mídida na sociedade contemporânea

Terá início nesta quinta-feira no Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Seminário Nacional Mídia e psicologia: produção de subjetividade e coletividade. Diversos professores e pesquisadores do país estarão, entre os dias 28 e 30 de junho de 2007, discutindo a influência exercida pelos diversos tipos de mídia atuais na sociedade contemporânea. Temas como ética, resistência, publicidade, ficção e realidade na mídia serão tratados no evento. O Seminário é organizado pela Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP), pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) e pelo Conselho Regional de Psicologia (CRP-RJ) e terá transmissão ao vivo pela Internet de todas as conferências que ocorrerão simultaneamente e conta também com a cobertura da Rede Abraço de Rádios Comunitárias. Para maiores detalhes da programação, fotos do evento, acessar:http://www.pol.org.br/midia/

terça-feira, 19 de junho de 2007

Coleções particulares e públicas de fotografia são temas de conferência na Fundação Eva Klabin

Nas fotos ao lado, detalhes do cartaz de divulgação da Conferência, com montagem de foto de Eva Klabin, nos anos 20, no calçadão de Copacabana. Fotos Um olhar a cada dia.
Acontece hoje às 19hs, na Fundação Eva Klabin, a conferência Duas coleções: duas visões? a coleção particular e a coleção pública de fotografia, com Joaquim Paiva (Colecionador) e Joaquim Marçal (Biblioteca Nacional). Os especialistas apresentarão suas concepções acerca das coleções particulares e públicas de fotografia em geral. A entrada é gratuita. Informações e inscrições: 3202-8550/ 3202-8554 ou pelo e-mail: cultura@evaklabin.org.br.

sábado, 16 de junho de 2007

Natureza, artíficio, linhas e cores são retratados na Mercedes Viegas

Ao lado, detalhes das fotos de Ana Paula Albé (Rodapé, 2007), Claudia Bakker(Apontamentos destino, 2006); abaixo Mika Chermont (Labirinto, 2007); Claudia Bakker (Primavera noturna, 2007) e Maria Laet (sem título, 2006). Fotos Um olhar a cada dia; Apontamentos destino, fotos de Claudia Bakker.
Teve início na última quinta-feira (14/06) o Fotoencontro das artistas Ana Paula Albé, Claudia Bakker, Maria Laet e Mika Chermont, na Galeria Mercedes Viegas. Imagens naturais e artificais, linhas geométricas e labirínticas, luzes e cores são retratadas pelas artistas.
Os Rodapés registrados por Albé são produzidos a partir do aumento ou ampliação panorâmica da câmera. Visto a olho nú, o que se tem, inicialmente, são meros rodapés em estado de decomposição. Mas, o olho da artista, ao ampliar essas imagens, atinge outras visões que, ao serem posteriormente enquadradas, ganham o aspecto de verdadeiras paisagens naturais, remetendo-nos a lugares reais ou não. Desse modo, os rodapés que outrora pareciam distorcidos ou decompostos, são elevados ao estágio puramente artístico, cuja indiscernibilidade entre o natural e o artificial nos remete ao verdadeiro plano de natureza . Pura metamorfose da natureza e do artifício. Albé atinge as núpcias anti-natura, já que sua obra se instaura entre o indiscernível do natural e do artificial.
As linhas ou Labirintos de Chermont são traçados a partir do registro de ângulos inusitados advindos da arquitetura e de embalagens. A luz interna que existe nas próprias coisas é ressaltada, pela artista, por meio da composição entre linhas e cores extraídas do enfoque nos tetos, paredes e embalagens. A partir disso, linhas retas, horizontais, verticais e traçados perpendiculares são exploradas pela artista, que acaba por obter um efeito geométrico nos quadro-retratos que cria.
O políptico que cria Laet é composto por uma seqüência de imagens extraídas da própria natureza. Observa-se uma inspiração baconiana quando a artista expõe um corpo deitado no leito, muito semelhante a alguns estudos de Bacon, que tem como uma de suas características pintar corpos e cabeças e não rostos. A semelhança é percebida na medida em que uma tal pintura parte da cabeça e se prolonga no corpo, sua ponta, sopro corporal e vital, um espírito ou devir-animal. É esse espírito que, no homem, insufla a animalidade, é o espírito animal do homem. Nesse sentido, Laet, assim como Bacon, ressaltam a necessidade que a arte tem de algo que não seja somente a habilidade do artista em marcar a semelhança entre as formas humanas e animais e que nos faça assistir a sua metamorfose, é preciso, antes, uma potência que dissolva as formas e imponha a existência de uma zona indiscernível, na qual não se distingue o homem do animal, porque aí algo se ergue como um monumento do indecidível.
As cores, nas fotos de Bakker, uma das características de sua obra, são novamente ressaltadas pela artista que, dessa vez registrou a porta da Sala Chinesa da Fundação Eva Klabin. Esta porta separa a Sala Chinesa da Sala de Jantar, onde a artista expõe Primavera noturna. Trata-se de uma intervenção com os tentáculos cor-de-rosa (a esse respeito Cf. Matéria de 06/06/2007 neste Blog). O tríptico Apontamentos destino é apresentado pelas variações de luz que sutilmente são mostradas pela artista. As portas indicam caminhos por seguir, mas também interrupções, rupturas, desvios a se tomar. A luz também predomina no díptico Primavera noturna que, além do mesmo tom cor-de-rosa, recebe ainda o mesmo nome da intervenção exposta na Fundação Eva Klabin. Só que, dessa vez, a luz rosa sobressai de uma lâmpada coberta por gelatina rosada, que é o material utilizado por Bakker. É pela cor que Bakker traça e ressalta as linhas expressas. A cor que salta aos olhos através da luz que irradia da porta chinesa e pelas linhas que surgem nas lâmpadas cor-de-rosa.
A exposição fica em cartaz até 15 de julho de 2007, de segunda a sexta-feira das 14 às 19hs, sábados das 16 às 20hs. Maiores informações acesse: http://www.mercedesviegas.com.br/.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Intervenções artísticas renovam ambientes na casa de Eva Klabin

Nas fotos ao lado, detalhes dos ambientes produzidos pelas intervenções de Brigida Baltar (Passagem secreta), Claudia Bakker (Primavera noturna), e Marta Jourdan (Zona de lançamento). Fotos Um olhar a cada dia.
Foi inaugurada nesta quarta-feira a coletiva de Brigida Baltar, Claudia Bakker e Marta Jourdan na Fundação Eva Klabin. A coletiva faz parte da 6ª edição do Projeto Respiração, que tem por objetivo a intercessão entre a arte contemporânea e o acervo permanente da Fundação, com a curadoria de Marcio Doctors. As artistas produziram intervenções em alguns ambientes da casa, proporcionando diferenciações nos espaços.
A sala de jantar, com seu mobiliário medieval, ganhou ares contemporâneos a partir dos tentáculos cor-de-rosa, feitos de tecido, que atravessam a mesa colonial mineira e se dirigem até o cômodo contíguo, onde se escuta o som pop de Young folks de Peter, Bjorn & John (2006). Esses tentáculos remetem a um rizoma ou raiz, que não se sabe onde começa ou termina, mas se estende pelo meio, sem centro de unificação, princípio de multiplicidade no qual os nós se ramificam e se reconectam com outras partes do rizoma ou tentáculo. O rizoma ou tentáculo não se reveste de nenhuma forma ou moldagem constituída e dada, mas remete a uma ausência de forma ou, se preferirmos, a um estágio pré-formal. Nesse sentido, Bakker atinge o informal puro. O cômodo é simultaneamente escurecido e iluminado pela cor rosada da Primavera noturna, que traz uma leveza ao ambiente normalmente austero, contrastando com a música pop tocada. O tom rosa dos tentáculos se diferencia da luz rosada, por uma justaposição, e sobressalta aos olhos, sutil nitidez, uma luz que solicita mais do que a função puramente óptica da visão na qual a modulação dos tons cria uma nova função, háptica, ou se preferirmos, tátil, da percepção visual. A sensação háptica da visão, enaltecida pela cor dos tentáculos e pela luz rosada noturna, sobressalta aos olhos através da cor, como se os olhos, e não as mãos, tocassem e tateassem as gradações de luz. Há um toque do olho, como na arte egípcia do baixo-relevo, mas na modernidade da arte de Bakker é pela cor que a artista atinge o háptico, a cor que sobressai da modulação da luz. O colorismo, o sentido das cores, proporciona a sensação da visão háptica, através de um toque, uma gestualidade da visão que toca a cor. Bakker é uma grande colorista, os tentáculos, ou rizoma, atingem a sensação colorante em estado puro.
As "passagens secretas" de Baltar são produzidas a partir da extração do pó de tijolo. Escavações são feitas em paredes para obter o pó de tijolo que constitui o material utilizado pela artista. A partir disso, rugas ou estriamentos são erguidas nos espaços lisos da parede, do piso e da pia, mas também erige-se um muro de tijolos que delimita os territórios ou a Passagem secreta entre o Hall Principal e a Sala Renascença. Somos conduzidos diretamente ao séc. XVI quando nos deparamos com o quadro de Povost (1510), onde a artista faz uma composição visual que parte da parede e nos transporta para dentro do quadro, numa intercessão desses dois momentos do tempo, intempestividade pura, coexistência virtual de passado e futuro. Verdadeiras moldagens também são criadas no estriamento da pia e do piso; a camada enrugada da pia se compõe com o papel de parede do toalete.
A Zona de lançamento, intensa maquinação das águas, de Jourdan, é feita a partir de gotas d'água que escorrem no retroprojetor e produzem imagens em movimento. As imagens dessas gotas são ampliadas nas paredes, iluminando todo o ambiente. Imagens cristalinas, obtidas pelo efeito da água no projetor, escorrem pelas paredes. Acima da cama barroca, a projeção dessas imagens forma verdadeiros quadros móveis, que a cada instante se superpõem quando novas gotas d'água escorrem no retroprojetor, resultando em uma variação contínua das imagens.
A exposição ficará na Fundação até 05 de agosto de 2007 (de quarta a domingo, das 14 às 18h). Maiores informações: http://www.evaklabin.org.br/; tel(021)3202-8550.