quarta-feira, 30 de maio de 2007

Seminário Internacional discute os conflitos do capitalismo contemporâneo

Na seqüência de fotos, da esquerda para a direita, os Professores Thierry Baudouin (CNRS/França), Raul Sanchez (Universidad Nomada, Espanha), Maurizio Lazzarato (Universidade de Paris) e Giuseppe Cocco (ECO/UFRJ), discutindo o capitalismo cognitivo e as novas formas de conflito, na segunda-feira na ECO-UFRJ.
Teve início na última segunda-feira, na Escola de Comunicação da UFRJ, o Seminário Internacional Constituição do Comum: cultura e conflitos no capitalismo contemporâneo. O evento itinerante, que esta semana acontece no Rio de Janeiro - mas já ocorreu no Espírito Santo, em Julho ocorrerá na Bahia e em Agosto no Pará - pretende, apesar da variação dos estados e da diversidade de professores e temas, enfocar problemas relacionados ao capitalismo contemporâneo.
Durante toda a semana, Professores e Pesquisadores brasileiros e estrangeiros, incluindo os das Universidades Nômade e Nomada, discutem problemas relacionados ao capitalismo cognitivo, às raças, às diferenças, ao salário mínimo, à renda universal e à TV digital. O seminário conta também com a participação de Oficinas de Grafite e de Software Livre e ainda com apresentações participativas de grupos de poesia (A república dos poetas), de teatro (Tá na rua) e performance de Ronald Duarte. O evento começou dia 28/05 e se encerra no dia 01/06/2007, entre 9:00 e 19hs. Para conferir a programção completa acesse: http://www.ocomum.com.br.

Ésquilo e Hesíodo são temas de cursos no Rio de Janeiro

Nas fotos abaixo, o Professor Torrano na Puc-Rio, onde ministra o curso sobre Ésquilo.
Tiveram início, nessa semana, dois cursos ministrados pelo Professor Dr. Jaa Torrano, do Depto. de Letras Clássicas e Vernáculas da USP, no Rio de Janeiro. Um dos maiores especialistas em estudos clássicos do país, autor de O sentido de Zeus: o mito e o modo mítico de ser no mundo (Iluminuras, 1996), trabalhando atualmente nas linhas de pesquisa de Filosofia Antiga, Mito, Teatro Greco-latino, o Professor Torrano, também tradutor e estudioso de Hesíodo, Homero, Ésquilo, Eurípedes e Platão, está no Rio de Janeiro proferindo dois cursos em diferentes lugares: "Mito e Pensamento em Ésquilo" na PUC-Rio, de 28/05 a 01/06/2007 de 15 às 18hs, Sala F400 - Ed. Frings (maiores informações: iffranco@fil.puc-rio.br); e a "Teogonia de Hesíodo", no Instituto de Estudos Contemporâneos Antônio Abranches, nos dias 29 e 30 de maio às 19:30hs. Para ver a programção completa, acesse: http://www.institutoantonioabranches.com.br/.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

I Seminário de Filosofia Antiga - UERJ

Acontece nesta semana, de 21 a 25 de maio de 2007, o I Seminário de Filosofia Antiga da UERJ. O Seminário conta com a participação de Professores e Pesquisadores da área de Filosofia Antiga. Hoje à noite, entre 18 e 20hs, os Professores Drs. James Arêas (Depto. de Filosofia da UERJ) e Irley Franco (Depto. de Filosofia da PUC-Rio) proferirão conferências sobre as Lições de filosofia grega de Henri Bergson e sobre o Banquete de Platão, respectivamente. Para conferir a programação completa do evento, acesse: http://www.nea.uerj.br/seminariofilosofia.htm.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

A propósito do que nos leva a pensar

Creio que seja de extrema importância colocarmos aqui a questão acerca daquilo que nos leva a pensar. Pensar não é algo que fazemos naturalmente ou mesmo voluntariamente, porque ninguém o faz naturalmente, como observa Fitzgerald: "...é uma atitude que ninguém jamais adota voluntariamente [...] é como carregar grandes e secretas malas..." (The crack-up). Somos levados a pensar por uma violência, é preciso que algo nos incomode e nos arraste a esse árduo exercício que é o pensamento, pois como disse Gilles Deleuze: "Pensar suscita a indiferença geral, a indiferença só cessa quando os problemas vêm à tona..." (O que é a filosofia?). Disso compreendemos que o pensamento nos desperta somente quando algo nos perturba, caso contrário seguimos com nossas vidas, sem nos incomodarmos ou nos preocuparmos com nada.
Considero que seja por isso que Deleuze afirmou, ainda, que a filosofia é uma criação de conceitos, pois quando somos levados a pensar, quase que automaticamente somos também levados a criar. Nesse exercício de criação nasceu a filosofia.
Desde o séc. VI a.C. os primeiros filósofos, também chamados físicos, pois investigavam acerca da physis ou da natureza das coisas, começaram a pensar sobre os fenômenos naturais como a chuva, o trovão e a própria origem do universo. Evidentemente que essas explicações dependeram bastante de conhecimentos astronômicos e matemáticos, mas o que difere a explicação desses pensadores daquelas dadas pelos mitos e pelas crenças populares é o uso da especulação racional para compreender a realidade. Se a filosofia nasceu como física, se os primeiros pensadores se diferenciaram de outros sábios de sua época é porque eles criaram, inventaram algo jamais experimentado pela tradição do ocidente.
Este é todo o exercício de criação conceitual, toda história da filosofia tem seus grandes pensadores que, ao criar seus conceitos, remexem em tudo aquilo que já estava estabelecido. Certamente há um inconveniente em tudo isso, pois mexer com os valores prontos e incomodar a besteira, nos remete à questão para que serve a filosofia? A filosofia serve para incomodar a besteira e para criar novos valores. Sabemos que a criação de novos valores perturba aqueles que se apoderaram dos valores predominantes e não querem que o pensamento seja livre para criar novos valores.
Mas a filosofia não está só em seu exercício de criação, a arte e a ciência também são disciplinas criadoras. Por isso a filosofia mantém uma relação essencial com esses domínios da criação, como a ciência e a arte. Artistas e cientistas também são grandes pensadores, mas pensam em termos de percepção e função. A arte cria blocos de sensações, a filosofia cria conceitos e a ciência cria funções, equações. Pintores pensam com linhas e cores, músicos pensam com sons, cineastas com imagens, cientistas com equações e escritores com palavras. Por isso não há nenhum privilégio ou hierarquia entre essas diferentes atividades, já que cada uma delas é igualmente criadora. O verdadeiro objeto da arte é criar seres de sensação, agregados sensíveis, o objeto da filosofia é a criação conceitual, e o objeto da ciência são as funções. Criar um conceito é tão difícil quanto a realização de uma composição visual, sonora ou verbal. Entre a arte e suas produções sensíveis, a filosofia e seus conceitos e a ciência e suas funções é possível encontrar ecos e ressonâncias da atividade criadora. Desse modo a arte, a ciência e a filosofia mantêm entre si relações de troca e de intimidade, mas a cada vez por razões intrínsecas. Criar é um ato que responde a mais absoluta necessidade, é precisamente essa necessidade que faz com que um pensador, um cientista ou um artista se proponha a criar ou a inventar.
Eis que retomamos a questão acerca do que nos leva a pensar, se orientar no pensamento. Creio que, assim como os filósofos, artistas e cientistas também sentem um incômodo que os faz pensar, criar, inventar, pois só se cria pela mais absoluta necessidade. Essas atividades criadoras traçam linhas melódicas estrangeiras entre si que não cessam de interferir umas nas outras e de incomodar a besteira.